Vai chegar o dia em que alguém vai te perguntar: "Pra que conversar com os outros, se temos a tecnologia?"
- Gustavo Sette
- 7 de mai.
- 1 min de leitura
Recebi uma lista de serviços de IA para testar.
Entre eles, dois me chamaram atenção:
um escreve postagens automaticamente.
o outro lê e comenta automaticamente.
O esperto e o trouxa saíram de casa, se encontraram no LinkedIn…
e o algoritmo aplaudiu.
Já tenho mentorado que entra na reunião comigo acompanhado.
Não de um sócio. Nem de um parente.
Mas de um robô que grava e resume tudo automaticamente.
É útil, sim.
Mas eu pergunto: como você se sentiria se a gente fizesse essa conversa… sem o robô?
Só eu e você, como os gregos faziam na ágora.
Falando. Ouvindo. Conectando.
Lembra como se faz?
Se a gente normaliza esse ciclo —
conteúdos que ninguém realmente escreve, lidos por ninguém de verdade — a gente mata o que ainda sustenta as boas decisões:
a capacidade de escutar, de argumentar, de se fazer entender.
Se tem algo constante que tenho feito nos últimos 20 anos,
é ensinar pessoas a conversar. A ouvir. A se comunicar.
Com mais clareza, mais respeito e menos ruído.
Sempre foi difícil e, portanto, recompensador, pois tem valor.
Já ouvi que esse trabalho de se comunicar melhor é difícil, é caro, é demorado... Mas ainda não ouvi, "isso é inútil".
Não estamos longe.
Tenho medo de ser substituído pela IA?
Não. Parte do que faço já foi. É do jogo.
Mas o meu maior medo…
é ser substituído pela irrelevância.
Por um mundo onde a comunicação virou desnecessária.
Onde ninguém mais precise falar com ninguém.
Será que a gente vai chegar lá?

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