Um sucessor pode postar fotinho na executiva a caminho das Olimpíadas de Paris?
- Gustavo Sette
- 23 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Claro que pode. Só não pode escapar das consequências.
Na busca pela legitimidade, que é um elemento crucial para qualquer sucessor, o verdadeiro problema não é a viagem em si, mas o que foi feito antes dela.
Vamos considerar dois casos típicos: dois sucessores a caminho das Olimpíadas no mesmo voo.
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Caso 1:
O sucessor se planejou com antecedência. No final do ano passado, reuniu seus executivos para comunicar sua intenção de viajar para as Olimpíadas e construiu, com o time, um planejamento detalhado para o ano, com ações, indicadores e prioridades bem definidas. Durante o primeiro semestre, trabalhou arduamente junto com a equipe, acompanhando o progresso de perto. Terminado junho, com os resultados entregues, realizou uma avaliação do plano e do desempenho da equipe, premiando os melhores, ajustando o planejamento para o segundo semestre e comunicando tudo à empresa. Agora, está no avião, dentro da meta, com o time alinhado e o plano do segundo semestre em andamento. Fotos da viagem? Fechadas, só para amigos próximos não ligados à empresa.
Que impressão ele causa?
“Este é o filho do dono, mas trabalha duro, está conosco e entrega resultados. Merece aproveitar os privilégios!”
Caso 2:
Agora, consideremos o outro sucessor, que não é adepto de planejamento. Na verdade, ele nem tem uma função definida na empresa e atualmente está 'ajudando no Marketing'. Ele também não tem metas nem projetos definidos, pois nem vai à empresa todos os dias. É cheio de ideias, mas elas nunca chegam a ser concretizadas. Avisou seu chefe na véspera que estava indo para Paris, o que não surpreendeu ninguém, já que este ano ele já foi aos EUA e à Itália, sempre postando fotos luxuosas para todos verem.
E o time, vendo as fotinhas na rede, comenta... “Lá vai o filho do dono para mais uma viagem... Pelo menos durante um mês ele não nos atrapalha.”
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No meu trabalho com sucessores, mostro que, embora não se possa evitar a fama de "filho do dono", é possível colocar-se na melhor situação dentro desse papel. Com boa gestão, comunicação, planejamento e desenvolvendo as pessoas, o sucessor pode legitimar seu papel e aproveitar o lado bom de pertencer à família proprietária da empresa, que o famoso "melhor dos mundos", embora dê trabalho...
A pergunta que fica ao sucessor é, como você quer ser lembrado na empresa da sua família – como alguém que merece ou como alguém que apenas herdou?






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