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  • Gustavo Sette

Empresas familiares mais antigas da América: Follett (EUA, 1873)

As Américas, ou o Novo Mundo, dificilmente terão empresas tão antigas quanto as europeias e chinesas que tenho comentado na série “Empresas Familiares mais Antigas do Mundo”.

Atendendo a pedidos, passarei a trazer empresas antigas das Américas.

A Follett é considerada por muitos como a empresa familiar mais antiga dos Estados Unidos.

A história da companhia começa em 1873, quando Charles Barnes abriu uma loja de livros usados perto de Chicago e, pouco depois, recebeu financiamento de seu então novo sócio e sogro, John Wilcox.

Um funcionário chamado Charles Follett foi contratado em 1901, aos 18 anos, e lá foi ficando em meio à diversas reorganizações da empresa. Tornou-se VP e acionista em 1912. Em 1918, a família Barnes retirou-se do negócio e fundou a Barnes & Noble. Em 1923, Wilcox morreu, e Follett e sua esposa enfim conseguiram comprar o restante das ações.

Os filhos entraram no negócio aos poucos, e a família resolveu focar no mercado de livros escolares.

O primeiro Follett morreu em 1952 e passou a bola para o filho mais velho, que depois passou para o genro, e só em 1997 a Follett teve um presidente não familiar. Nessa época, a empresa fez um grande movimento de profissionalização: trouxe 3 diretores não familiares, vendeu parte da empresa e focou em 3 divisões de negócio: Ensino Superior, Ensino Fundamental / Médio e Bibliotecas.

Em 2010, a empresa voltou a ter um CEO da família: Charles Follett. A história da companhia registra mandatos longos – diretores e presidentes com décadas de dedicação à empresa.

A Follett conseguiu sobreviver bem às mudanças do mercado editorial e de vendas e, hoje, aparece na Forbes como a 128ª maior empresa privada dos EUA, com 3,4 bilhões de dólares em vendas e 8.000 empregados.

Listei abaixo algumas características que explicam tanto sucesso e longevidade.

Fundador sonhou longe e não teve pressa

Charles Follett entrou na empresa em 1901 e tornou-se dono em 1917, ou seja, foram 16 anos de treinamento. Foram mais de 15 anos preparando e formatando o seu sonho, conhecendo todas as variáveis do negócio de livros, até reunir as condições para ter a sua própria empresa. Ao assumir como dono, ele tinha 34 anos de idade e 16 de empresa!

Novas gerações trouxeram diversificação

O primeiro casal de donos teve 4 filhos: Dwight, Garth, Robert e Charles.

  1. Garth iniciou um negócio de atacado para atender às bibliotecas, que mais tarde ficou conhecido como Follett Library Resources.

  2. Dwight criou uma operação elementar de publicação de livros didáticos. Ele tornou-se o presidente após a morte do pai, em 1952, e ocupou a cadeira até 1977.

  3. Robert começou um negócio atacando livros didáticos da faculdade, dos quais cresceram os recursos do Campus da Follett e as Lojas da Faculdade Follett.

  4. Charles, o filho mais novo, trabalhou dentro do negócio original.

Essa diversificação trouxe união, deu sentido à contribuição de cada um e ajudou a empresa a sofrer pouco com a Grande Depressão dos anos 1930.

Herdeiros dedicaram longos anos à companhia

Ao contrário de muitas famílias, que sofrem com a passagem relâmpago de herdeiros que querem chegar mudando tudo, a rotina dos parentes na Follett sempre foi, digamos, pacata. A Follett é uma empresa de biografias longas, com diversos casos de mandatos de 30 anos de contribuição à empresa. Os parentes que passaram pelo negócio tiveram que dedicar décadas à empresa e ao negócio de livros.

Foco, foco, foco

Durante a sua história, a Follett diversificou linhas de negócio, comprou e vendeu empresas, mas nunca desviou de seu foco: livros escolares.

A missão da companhia é antiga e clara: “queremos fortalecer a educação em todos os lugares em que o aprendizado está acontecendo”.

Montou gráficas, mas para produzir livros escolares. Comprou outras empresas, de… Livros escolares. Trouxe executivos pesados do mercado, com experiência em… Livros escolares.

Quando veio a onda da Internet, a empresa investiu pesado e provocou mudanças, mas sem desviar do que a trouxera até ali. Era 1999 e a empresa lançava um portal de vendas online de livros, que está no ar até hoje (efollett.com).

Governança A família controla a Follett há 4 gerações, e hoje o grupo de descendentes está perto de 300. Empresas e famílias só chegam a esse patamar com um robusto sistema de governança, que tem regras claras para a relação entre família e negócio, mantém a ligação histórica e oferece as regras de um verdadeiro “mercado de capitais”, em que herdeiros encontram regulamentos claros sobre a venda de suas ações.

Site da companhia: https://www.follett.com/

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