Começaram os posts comparando o conclave com a sucessão em empresas familiares. O famoso, "o que podemos aprender...".
- Gustavo Sette
- 23 de abr.
- 1 min de leitura
Vamos com calma?
Tem algo em comum, sim:
Quase ninguém gasta energia para formar sucessores.
Nem papas. Nem políticos. Nem empresários.
A diferença está no que vem depois.
Na Igreja, não tem dono. Os cardeais votam, rezam, e se der errado… paciência.
Na política, o processo é demorado, lento, político — mas existe.
E na empresa familiar?
Tem dono. Tem risco. Tem grana em jogo. E dono não faz oposição: ele troca.
Alguns dizem que o Vaticano tem um modelo secular de sucessão, testado e formalizado.
É verdade e pode ajudar, mas também pode atrapalhar.
Sabe aquele consultor apaixonado pelo seu "método de sucessão em 7 passos?".
Cada família é um ecossistema próprio. E metodologia rígida demais costuma atrapalhar mais do que ajudar.
E tem família que trata a sucessão como conclave e o sucessor como escolha divina.
Mantém no cargo quem não entrega, só porque foi “ungido”.
O que acontece? Basta olhar as estatísticas arrasadoras de destruição de empresas pós sucessão.
No fim, sucessão não é evento. É ensaio contínuo de legitimidade.
O pai escolhe enquanto é dono. Mas no minuto em que as ações mudam de mãos, a escolha muda junto.
O sucessor vira aposta. E precisa conquistar, todo dia, a fumaça branca da confiança de quem banca o risco.
Se você não entendeu isso e acha que ser sucessor é um cargo vitalício, cuidado, vamos conversar — sentar na cadeira é só o começo de um conclave diário.

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