Recomendo a entrevista com Marcelo Mesquita, conselheiro da Petrobras, publicada hoje no Valor. É raro encontrar executivos que expressem opiniões tão claras e realistas em um mundo empresarial muitas vezes dominado por discursos "fofos" e politicamente corretos.
Mesquita aborda questões urgentes e controversas, como a interferência do governo, o conflito entre diretoria e conselho, e a necessidade de privatização para conter essa interferência política e se adaptar à transição energética. Diz também que apoiou um projeto caro e ruim porque pior seria essa obra ficar inacabada e que defende a distribuição de dividendos pois, se ficar no caixa, a empresa vai investir em bobagem.
Destaco duas importantes reflexões que surgem a partir dessa entrevista, para os dois públicos com quem mais trabalho:
Executivos: precisamos de mais gestores com a independência e sinceridade de Mesquita, capazes de enfrentar temas prioritários e desafiadores sem receio de desagradar. Uma questão comum de mentorados é, "devo falar a verdade?".
Empresas familiares: a entrevista serve como exemplo de boa governança ao demonstrar o valor de ter vozes externas e qualificadas que ofereçam perspectivas diferentes do cercadinho de bajuladores que concordam com o dono em tudo.
Meu objetivo aqui não é concordar ou discordar das opiniões de Mesquita, mas sim reconhecer e valorizar sua postura autêntica e diferenciada em um ambiente de negócios muitas vezes caracterizado pela conformidade e pela retórica superficial.
Valor Econômico, 11/4/2024
