Adoro a sinceridade, ainda mais em um momento em que, como sempre diz o filósofo Luiz Felipe Pondé, “nunca se mentiu tanto”.
Li semana passada uma matéria no Wall Street Journal que compila duas pesquisas recentes sobre os desejos dos empregados nos EUA, e salário aparece à frente de tudo.
O desejo dos entrevistados pode ser resumido em: prefiro ganhar bem, cuidar da minha vida e tomar minhas próprias decisões, mesmo que seja em uma companhia “sem grife”. Aliás, trabalhar em companhias com grife dá muito trabalho, diz a pesquisa.
Achei interessante pois li o artigo na mesma semana em que saiu uma famosa premiação de boas empresas para se trabalhar no Brasil, que traz alguns elementos que muito me surpreendem. Vou exemplificar.
Há empresa na pesquisa brasileira cujos dados indicam que qualidade de vida é CINCO VEZES mais importante que remuneração. Alinhamento de valores é DEZ VEZES mais importante que a estabilidade. Um dos critérios da pesquisa é se a empresa é signatária do Pacto Global de Desenvolvimento Sustentável da ONU no Brasil.
Fico feliz em ver uma pesquisa trazer dados que me parecem mais próximos da realidade, pelo menos da realidade que eu vejo e escolhi trabalhar: pessoas e empresas que enfrentam dilemas, desafios e têm desejos não tão ligados a esse mundo de muita positividade e preocupação em vender uma imagem de ser "do bem".
E você, prefere uma empresa que pague ótimos salários, mas não é tão engajada, ou troca remuneração e carreira por esses outros atributos?
Wall Street Journal, 02 nov 23. "Workers want more pay, not prestige".
