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O que Odebrecht poderia ter aprendido com os Corleone

  • Gustavo Sette
  • 25 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Gustavo Sette. 25/06/2018


Matéria de capa da Exame atual traz o momento da construtora que, por ser gigante, conseguiu financiar sua dívida astronômica. O problema é que a família, mesmo dona de 80% da empresa, rachou. Não se falam mais.



O que faltou para que a família se mantivesse unida, mesmo diante de tudo que passou?


Toda família empresária precisa de um exercício sério, bem feito e comprometido de planejar a razão de sua própria existência. Por que essa família está junta? O que ela quer realizar, como família e como empresários, e sob quais regras e valores?


Na falta dessas definições, não há mecanismos de união quando as coisas dão errado, e pessoas muito vaidosas geralmente focam em salvar a própria pele. Externalizar a culpa e sair bem na foto (ou sair da foto), deixando a família e o negócio de lado.


A família Corleone, de “O Poderoso Chefão”, mafiosa e matadora, tinha um patriarca com objetivos muito claros, que defendia a família e mantinha valores claros para a condução dos negócios e da própria família.


Quer um exemplo? Em uma passagem, o patriarca diz:


“Mexemos com prostituição, jogo e bebidas, pois são coisas inofensivas, mas drogas, jamais. Somos contra”.


Naquela memorável cena em que os chefes da máfia se reúnem, o líder de outra família diz:


“Nós até mexemos com drogas, mas não com crianças, nem perto de escolas, somos pessoas decentes”.


Até para entrar em jogo sujo é preciso governança.


Imagine que, anos atrás, os donos da construtora tivessem definido algo assim:


Nossa missão como empresa familiar é usar os negócios da família para ganhar dinheiro a qualquer custo, gerando fama, luxo e poder. Não matamos, mas compramos quem precisar comprar. Escolhemos entrar em um jogo perigoso e com riscos conhecidos, portanto, ninguém entrega ninguém: se alguém for preso, sai do negócio, não fala nada e não fica magoado, a família cuidará de todos e, ao voltar da pena, a pessoa terá a sua parte nos negócios. 


Pode parecer brincadeira ou que estou relevando a corrupção. Nada disso. Estou defendendo a importância de se criar um alinhamento em torno de um propósito, de um sonho, e tudo isso sustentado por valores e uma bela governança, ou seja, como decisões difíceis serão tomadas antes que os eventos aconteçam.


É fundamental que famílias empresárias façam esse exercício, e façam para valer.


***


Empresas familiares costumam receber muita atenção da mídia, desde que sejam enormes. As familiares pequenas e médias, que carregam mais da metade do PIB e dos empregos do país, não encontram o mesmo espaço na imprensa, nem na academia ou nas consultorias. A vida é mais dura para as PME familiares, e é por isso que resolvi me dedicar a elas.

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