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  • Gustavo Sette

As armadilhas que o "CEO de mercado" deve evitar na gestão de uma empresa familiar

Matéria no Valor Econômico traz o desafio do novo CEO da rede Pague Menos, o primeiro não familiar a comandar a empresa, fundada há 42 anos.


Não vou comentar o caso específico da empresa, mas sim o roteiro, que é clássico: empresa vende um pedaço para um fundo, traz um CEO de mercado, com experiência internacional em grandes empresas, MBAs e formações em ótimas escolas e um histórico vencedor, e a família vai para o conselho. O que pode dar errado?


O CEO de mercado geralmente venceu em uma “escola” clássica que é a própria essência do capitalismo: seu objetivo é remunerar o capital do acionista, ou seja, fazer a empresa crescer, lucrar mais, valer mais. O fundo também pensa assim, mas e a família?


Eu conto ou vocês contam?

Muitas famílias não querem que o CEO de fora performe bem, desmonte alguns privilégios, ameace a dinâmica de poder, de influência e os mitos criados em torno do fundador e da família.


Se o CEO de mercado entregar muito mais resultado do que a família, corre um enorme risco. Se entregar muito menos, também estará mal, ainda mais em uma empresa de capital aberto. Para piorar, precisa lidar com mensagens ambíguas e muita encenação. “Trouxemos um CEO de mercado para profissionalizar a gestão” é uma frase linda, mas o que pode estar por trás dela?


O CEO de mercado, por mais experiente e rodado que seja, precisa focar o início do seu trabalho em mapear a dinâmica da família, do comando e, dependendo do que encontrar, construir uma narrativa de que todas as suas decisões e méritos vieram dos fundadores. Só assim ele agrada o acionista tradicional, que quer remunerar o capital, e o familiar, que quer remunerar o ego e almeja a posteridade.


Boa sorte ao CEO da Pague Menos e, se precisar de ajuda, estou à disposição.

Valor Econômico, 05/12/2023




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